Banco Mundial descarta aceleração económica em Angola sem descobertas de petróleo
Lisboa
- O Banco Mundial considera improvável que a produção de petróleo possa
"acelerar ainda mais" o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de
Angola, que deverá aumentar 5,4 por cento este ano, sem a descoberta de
novas reservas.
Fonte: Lusa
Aquela instituição reconhece que a perspetiva para 2014 "é favorável", face ao "aumento esperado" da produção petrolífera angolana de 3%, o que "mais que compensará uma redução de 2,4% nos preços do petróleo".
Estima ainda um aumento do PIB para 5,4% (96,5 mil milhões de euros) em 2014 e para 5,5 % (103 mil milhões de euros) em 2015.
"Na
falta de novas descobertas, é improvável que a produção de petróleo
possa acelerar ainda mais o crescimento do PIB. O PIB não petrolífero
precisaria, portanto, de crescer rapidamente, para devolver o sólido
desempenho observado antes da crise de 2009", adverte o documento,
produzido pela equipa do Banco Mundial chefiada pela economista Elisa
Gamberoni.
"Reorientar as despesas"
para o "investimento de capital", defende o relatório, "podia afetar
positivamente o panorama económico de Angola". Contudo, "apenas, se se
puder aumentar a capacidade de execução e assegurar a qualidade do
investimento público", acrescenta.
O
relatório do Banco Mundial, que analisa os "desenvolvimentos e questões
económicas que estão a moldar o futuro de Angola", diz que a economia
angolana "desacelerou" em 2013 devido ao "fraco desempenho do setor
petrolífero", mas regista que "a economia não petrolífera registou uma
expansão rápida".
Angola produziu
1,65 milhões de barris de petróleo por dia nos primeiros seis meses de
2014 e mantém o objetivo de, a curto prazo, elevar essa produção aos
dois milhões de barris.
"Nesse caso, o crescimento do PIB poderá eventualmente atingir os 8%", admite o Banco Mundial.
Recorda
que PIB real angolano cresceu 4,4% no ano passado, "ligeiramente menos
que a taxa de crescimento de 5,1% estimada em 2012", o que traduz
"preços mais baixos do petróleo e o fraco desempenho dos principais
parceiros comerciais de Angola".
"O
crescimento do PIB não petrolífero atingiu os 6,3% em 2013 graças à
recuperação da seca de 2012 do setor agrícola e de investimentos no
setor da eletricidade", acrescenta o documento.
"Comparativamente
a outros países ricos em petróleo na África Subsariana, as receitas
petrolíferas representam uma quota invulgarmente elevada das receitas
totais de Angola. Nestas circunstâncias, o orçamento de Angola é muito
sensível aos choques dos preços do petróleo", realça o relatório.
Outra
das notas refere-se à balança corrente de Angola, que viu o seu
excedente diminuir em 2013, devido a "lucros menores com as exportações
associadas ao petróleo" e ao "acréscimo das importações".
"Embora
Angola continue a registar um excedente significativo, a balança
corrente permanece vulnerável a choques externos. As exportações de
petróleo têm um papel dominante nas receitas em divisas mas, em 2013,
começaram a declinar com a queda dos preços globais".
Conclui
por isso que a correlação entre balança corrente e saldos orçamentais
"amplia o efeito das flutuações" dos preços globais do petróleo na
economia angolana, "acentuado ainda mais a necessidade de se
diversificar a economia e de dissociar as finanças públicas do setor
petrolífero".
No hay comentarios:
Publicar un comentario