Angolanos do Mpla beneficiaram de fraude em negócio com a Espanha
Mais de 56 milhões de dólares transferidos ilegalmente em negócio policial
Personalidades angolanas beneficiaram do desvio de pouco mais de 56
milhões de dólares de um contracto com uma companhia espanhola para
fornecer equipamento à polícia nacional angolana.
O facto foi revelado numa audiência num tribunal espanhol em que
compareceram nove pessoas presas acusadas de vários crimes relacionados
com o desvio dos fundos.
Uma advogada espanhola detida no Luxemburgo foi extraditada para Espanha devendo comparecer em tribunal na Segunda feira.

Segundo os dados revelados na audiência cerca de 56 milhões de
dólares (41,4 milhões de Euros) foram transferidos para um banco do
Luxemburgo sem razão comercial ou actividade comercial justificativa. Os
acusados terão falsificado facturas e outros documentos para tentar
“lavar” os fundos.
Como beneficiários desses fundos figuram os acusados e “familiares de
funcionários públicos da Republica de Angola”, foi revelado no
tribunal.
A acusação afirma que os detidos “se concertaram com funcionários
angolanos para através do contracto de entrega de material à polícia
levar a cabo uma apropriação patrimonial ocultada desviada para o
estrangeiro mediante um complexo esquema de sociedades em paraísos
fiscais”.
Não foram reveladas as identidades destes “funcionários” angolanos.
Anteriormente a polícia tinha afirmado que a advogada presa no
Luxemburgo Beatriz Garcia Peza, esteve alegadamente envolvida na
construção dessa estrutura financeira para branquear os fundos do
negócio e depositá-los em contas bancárias na Suíça, Ilhas Caimão,
Gibraltar, Hong Kong, Madeira e Luxemburgo.
FIANÇA RECUSADA A PRESIDENTE DA DEFEX
A audiência em tribunal destinou-se a analisar a possibilidade dos detidos serem libertados sob fiança.
O Juíz Pablo Ruz ordenou a prisão sem fiança do antigo presidente da
Defex, José Ignácio Encinas Charro e três outros acusados, nomeadamente
Juan Carlos Cueto Martins, conselheiro da Cueto, Manuel Iglesias Sarria e
Angel Maria Larumbe, ambos directores da Defex.
O juiz ordenou a liberdade sob fiança de 272 mil dólares de Icíar de
Iraola, esposa de Cueto Martins e liberdade sob fiança de 27 mil dólares
para Enrique Francisco Gomez Cuesta, connselheiro da companha Defex.
Os três outros acusados foram postos em liberdade condicional, tendo
os seus passaportes confiscados e a obrigação de se apresentarem ás
autoridades semanalmente.
OPERAÇÃO ANGORA
As prisões foram o resultado da Operação Angora lançada pelas
autoridades de Espanha, Luxemburgo e Portugal quando as autoridades do
Luxemburgo notaram a entrada de enormes fundos monetários vindos de
Espanha sem justificação aparente e juntamente com as autoridades
espanholas lançaram a uma investigação com o nome de código Operação
Angola.
A polícia espanhola e o Luxemburgo efectuaram 15 rusgas, antes das
prisões. Uma outra rusga foi efectuada em Portugal mas as autoridades
portuguesa têm mantido silêncio sobre a sua participação que se presume
esteja ligada ao facto de haver indícios de contas bancárias terem sido
abertas na Madeira.
Durante as rusgas foram confiscadas enormes quantias de dinheiro em
diversos câmbios, nomeadamente 116 mil euros, 16 mil dólares e duzentas
libras, além de material informático e documentação.
As autoridades nesses países bloquearam também contas bancárias e confiscaram imóveis e veículos.
A advogada presa no Luxemburgo é sobrinha de Francisco Pesa que no
passado esteve já relacionado com negócios fraudulentos na venda de
armas a Angola.
A empresa Defex envolvida no negócio da venda de material polícia a
Angola é controlada em 51% pela empresa estatal espanhola, Sociedad
Estatal de Participaciones Industriales ( SEPI) sendo os restantes 49%
controlados por interesses privados.
Segundo informações anteriormente reveladas apenas parte do material comprado por Angola chegou a este país.
No hay comentarios:
Publicar un comentario