Cerca de 200 adeptos ganeses pedem asilo no Brasil
Alegam que são perseguidos no seu país por serem muçulmanos, Governo desmente.
Cerca de duas centenas de cidadãos do Gana que foram ao Brasil
assistir o Mundial de Futebol pediram asilo político por alegarem que
são perseguidos no seu país por serem muçulmanos.
Os 193 cidadãos ganeses terão entrado no Brsil por Natal, Fortaleza e
Brasília, cidades onde se realizaram os jogos da selecção do Gana,
seguindo depois para o sul em busca de trabalho. Eles foram recebidos na
cidade de Caxias do Sul, onde a Polícia Federal está a tentar resolver
estes casos. Lá existe o Centro de Atendimento ao Migrante, ligado à
igreja católica.
Os cidadãos faziam parte dos cerca de 500 adeptos da selecção de futebol
ganesa enviados pelo Governo do Gana para o país anfitrião. O
recentemente empossado ministro da Juventude e Desporto Mahama Ayariga
afirma que o Executivo está “desapontado” com este caso e vai apurar os
factos antes de entrar em acção.
O Governo do Gana nega a existência de perseguição religiosa aos
muçulmanos no país. De acordo com o ministro, “os motivos alegados para
requerer asilo no Brasil são totalmente falsos e não há nenhum lugar
neste país onde exista conflito religioso ou perseguição a qualquer
grupo que seja razão para procurar asilo fora do território do Gana”
Alhaji Jawula, clérigo muçulmano que é também chefe do distrito de
Gonja, no Gana, diz-se preocupado com a imagem negativa da comunidade
islâmica pintada pelos 200 ganeses no Brasil.
“Não há problemas islâmicos neste país, nem problemas religiosos
entre muçulmanos e cristãos, ou dentro de cada uma dessas comunidades.
Isto é uma farsa”, considera, considerando ainda “que se trata de
motivos económicos e estes cidadãos só estão à procura de uma desculpa
para sair do país. O Gana é um país muito pacífico”.
Nas ruas de Accra, a população está revoltada com as notícias e sente
que o seu país está a ser humilhado pelas acções dos seus conterrâneos
no Brasil. Os ganeses pedem punições para estes cidadãos, quando
voltarem ao Gana. “Temos vergonha, porque as razões que eles alegam para
pedir asilo são erradas. Não há luta religiosa. Se és ganês e vives no
Gana tens de ter vergonha destas coisas, porque vivemos bem”, diz um dos
habitantes.
“Não acho que isto seja uma coisa boa. Aqui não há violência
religiosa. É uma desgraça para o nosso país. Deviam encontrar quem está a
fazer isto e puni-los”, considera uma outra cidadã ganesa.
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